29 abril 2011

À conversa com Manuel

A conversa que se segue é com o coleccionador Manuel que nos vai mostrando a sua colecção de miniaturas no excelente blog Coches A Escala. Manuel é de Salamanca, aqui da vizinha Espanha, a sua colecção conta já com uma impressionante quantidade de miniaturas que vão dos F1, aos Ralis, passando também pelas 24 Horas de Le Mans. Não se admirem se por lá também encontrarem miniaturas de carros em versão de estrada. A comprovar pelas fotos da sua colecção me enviou, o que vos aconselho é que visitem o seu blog Coches A Escala.

4Rodinhas - Olá, Manuel. Quero agradecer desde já a tua disponibilidade para esta pequena conversa. Podes dizer-me há quanto tempo coleccionas miniaturas automóveis?
Manuel - Empecé a coleccionar en el año 2002, cuando tenía 26 años.

4Rodinhas - Parto do princípio que todos nós, coleccionadores de miniaturas, gostamos de automóveis mas para além disso houve alguma razão em especial que te levou a coleccionar miniaturas?
Manuel - Desde pequeño en mi casa se han visto muchos deportes en la TV. Y los domingos, a la hora de comer, siempre se veía la Fórmula Uno: Senna, Prost,... Además, desde los 18 siempre he comprado muchas revistas y libros de coches.

4Rodinhas - Após este tempo passado desde que iniciaste a tua colecção será que ainda te lembras da tua primeira miniatura? Qual? Envia foto?
Manuel - Fueron dos: el Aston Martin DB5 de James Bond (Sun Star) y el BMW LMRV12 #15, ganador de las 24 Horas de Le Mans de 1999 (Maisto). Ambas están hechas a escala 1/18.
 
4Rodinhas - A tua colecção é orientada por algum tema em específico? Porquê esse tema?
Manuel - A mí me encantan la competición: Le Mans, rallyes y Fórmula Uno. Ahora lo que busco son los ganadores de todos los años.

4Rodinhas - Como sabes existem várias escalas para as miniaturas, qual a tua escala preferida? E porquê essa escala?
Manuel - Por espacio compro 1/43. Pero no descarto el 1/18 aunque hace más de tres meses que no compro uno. Al ser aficionado al slot, también tengo modelos a 1/32.

4Rodinhas - Neste momento a tua colecção já terá uma quantidade significativa de miniaturas, sabes dizer quantas são (aproximadamente)? E tens algum método para as classificar?
Manuel - 512. En las estanterías donde los guardo por tipo: F1, rallyes, de Le Mans, de calle y de Policía. Tengo baldas especiales sólo de Ferraris F1, los de Fernando Alonso y los de Carlos Sainz. Utilizo una tabla de Excel donde las clasifico por: marca, modelo, color, escala, pilotos, clasificación y año. Últimamente también anoto el precio y el año de compra.

4Rodinhas - A partir de uma determinada altura eu comecei a ter alguma dificuldade em guardar as miniaturas, não sei se contigo se passou o mesmo, mas o que gostaria de saber era como guardas a tua colecção?
Manuel - El año pasado compré tres vitrinas en IKEA. La puerta es de cristal y las protege del polvo. Así están siempre expuestas.

4Rodinhas - Julgo que nós, coleccionadores de miniaturas, temos um “inimigo” em comum: o pó, assim e não só neste aspecto, pretendia saber se tens mais algum cuidado especial com a tua colecção?
Manuel - Procuro no tocarlas con los dedos. Cuando las limpio, lo hago con un trapo mojado en agua.

4Rodinhas - Quando pretendes adquirir uma nova miniatura segues algum critério específico (qualidade, fabricante, preço, etc)?
Manuel - La calidad no me preocupa siempre que sea una miniatura es buen estado. La mayoría de mis coches son de coleccionable: Ixo-Altaya, Fabbri, RBA. Pero de vez en cuando sí me compro Minichamps o Autoart. Cada colección es única. No es mejor coleccionista el que sólo tiene BBR o CMC. Lo importante es el cariño que le tienes a tus miniaturas.

4Rodinhas - E já agora na sequência da pergunta anterior, aonde adquires as miniaturas para a tua colecção?
Manuel - Antes compraba mucho en kioscos. Ahora en eBay y tiendas de interner y en foros españoles de die-cast, sobre todo www.autoescala.net.

4Rodinhas - Para terminar, existe alguma miniatura na tua colecção que seja especial para ti? Qual e porquê? Envia a foto.
Manuel - Voy a señalar dos: el Minardi PS 01 #21 con el que debutó Fernando Alonso en la Fórmula Uno (2001) y el Maserati A6 GCS #28 con el que participó Alfonso de Portago en las 24 Horas de Le Mans de 1954, un coche “muy español”.
Gracias por la entrevista, José António.

25 abril 2011

Seat 124 1600 - S. Cañellas - D. Ferrater (Critérium Luís da Baviera de 1972)

Esta miniatura pertence à colecção Rally Collection (fasc. nº 41).
Apresentado em 1968 no Salão de Barcelona, o Seat 124 não era mais do que um modelo da Fiat. Fruto de um processo de expansão que a Fiat vinha seguindo, foi estabelecida em Espanha uma parceira com a Seat cujo primeiro modelo foi o Fiat 124, e que no mercado espanhol ficou conhecido como Seat 124. A primeira versão do Seat 124 vinha equipada com um motor de 1200 cc contudo, posteriormente, surgiu uma variante L com melhores acabamentos. Em 1969 surgiu a carrinha (Seat 124 Ranchera) e uma versão do Seat 124 com um motor de 1430 cc que iria revolucionar o desporto automóvel em Espanha.
O Seat 124 de ralis surgiu em 1971, vinha equipado com um motor de 1592 cc com uma potência máxima de 95 cv às 6000 rpm. A tracção era traseira e utilizava uma caixa manual de 4 velocidades. Como o motor utilizado provinha de outro modelo isso obrigou a que se homologasse o Seat 124 1600 no Grupo 5 (o grupo dos protótipos) porque não havia nenhum Seat 124 de série com o motor de 1600 cc.
A primeira prova oficial do Seat 124 1600 foi o Critérium Luís da Baviera de 1972, sendo o Seat 124 1600 pilotado pelo espanhol Salvador Cañellas. O resultado final foi positivo tendo sido alcançado o 4º lugar. Nada mal para uma estreia. Como na época era frequente fazerem alterações aos modelos utilizados, que depois tinham que ser inscritos no Grupo 5, não foi de estranhar que a vitória tenha sorrido a um desses modelos: o Alpine-Porsche A110 de Estanislao Reverter (o carro ficou conhecido por Alpinche que mais não era que um Renault-Alpine A110 com motor Porsche).
Apesar de Cañellas e o Seat 124 1600 não terem entrado no campeonato desde o início, isso não impediu que tivessem lutado pela conquista do título, facto que veio a acontecer depois de alcançarem bons resultados ao longo do campeonato: dois 4º lugares (no Critérium na prova de estreia e nos 500 Km Nocturnos de Alicante), dois 2º lugares (no Rias Baixas e no Sherry de Jerez), a primeira vitória no RACE, e dois 2º lugares, no Barcelona-Andorra e no Costa do Sol, que lhe deram a conquista do título de Campeão de Espanha de Ralis. Em parte essa conquista ficou a dever-se ao regulamento que beneficiava os carros de fabrico espanhol.
A miniatura apresentada é o Seat 124 1600 de Salvador Cañellas que obteve o 4º lugar no Critérium Luís da Baviera de 1972. Salvador Cañellas foi um piloto multifacetado, que participou em provas de motos, de ralis, de circuitos, de camiões… O campeão espanhol em 1972, obteve em 1977 um dos resultados mais expressivos da sua carreira: foi 4º classificado no Monte Carlo com o Seat 124. Texto baseado no fascículo que acompanha a miniatura.

18 abril 2011

Ford Focus WRC - M. Märtin - M. Parkes (Rali de Monte Carlo de 2004)


Esta miniatura pertence à colecção Rallye Monte-Carlo – Os Carros Míticos (fasc. nº 59).
O piloto estónio Markko Märtin realizou em 2004 a melhor temporada na sua carreira desportiva, tendo terminado o Campeonato do Mundo de Ralis na 3ª posição com 79 pontos e 3 vitórias (México, França e Espanha). Esse ano coincidiu também o fim do seu contrato com a Ford; que vinha desde 2002.
O Ford Focus WRC, da segunda geração, foi o carro utilizado por Markko Märtin ao longo de toda a temporada de 2004. A segunda geração do Focus surgiu em 2002, concebida por Christian Leroux (ex-Subaru). As maiores alterações foram o aumento da distância entre os eixos, uma transmissão de três diferenciais activos electrohidráulicos e o turbocompressor que passou a ser um Garrett TR30R. O motor era o Zetec de 2000 cc com uma potência de 300 cv às 6500 rpm. Ao nível da aerodinâmica também se registaram algumas alterações sendo de destacar o alargamento das cavas das rodas, um pára-choques completamente novo e um spoiler traseiro novo e de maiores dimensões.
Em 2004, a Ford venceu três ralis, todos pelo piloto estónio Markko Märtin, mas a equipa apenas conseguiu terminar o campeonato de marcas na segunda posição com 143 pontos, muito distante dos 193 pontos da campeã Citroen.
A miniatura representa o Ford Focus WRC de Markko Märtin no Rali de Monte Carlo de 2004. A Ford apresentou-se com uma boa equipa de dois pilotos, Markko Märtin e François Duval (belga), mas ambos foram incapazes de derrotar o francês Sébastien Loeb no Citroen Xsara WRC. Märtin acabaria por ficar no segundo lugar, atrás de Loeb, e Duval completou o pódio.
Markko Märtin nasceu a 10 de Novembro de 1975 na Estónia. Em 1993 iniciou a carreira e a sua estreia no Mundial de Ralis aconteceu em 1997 no Rali da Finlândia ao volante de um Toyota Celica. Em 1998 participa em quatro ralis com o Celica. No ano seguinte utiliza o Ford Escort WRC nos dois primeiros ralis e no resto do campeonato usa o Toyota Corolla WRC, carro que utiliza também no ano 2000. Nesta fase inicial da sua carreira não consegue nenhum pódio ficando-se por alguns resultados e exibições prometedoras. Deste modo o ano de 2001 é passado ao volante de um Subaru Impreza WRC contudo os resultados não são melhores do que até então vinha fazendo. No final do campeonato é 19º classificado com 3 pontos.
Para 2002 Märtin passa a dispor de um carro que lhe permite outras ambições e assim durante três anos (de 2002 a 2004) guiou o Ford Focus WRC. Markko Märtin pontua com alguma regularidade ao longo do campeonato e o almejado primeiro pódio surge no último rali do ano ao conseguir o 2º lugar na Grã-Bretanha. No campeonato é o 9º com 20 pontos. No ano seguinte, em 2003 (Märtin é 4º no Monte Carlo), as boas prestações continuam e chega finalmente a primeira vitória no WRC ao vencer a Volta à Córsega. No Rali da Finlândia regista nova vitória e juntamente com mais alguns pódios termina a temporada na 5ª posição com 49 pontos. O campeonato de 2004 foi efectivamente o melhor da sua carreira, tendo vencido 3 ralis (México, França e Espanha) que com mais alguns pódios lhe garantiram a 3ª posição no campeonato com 79 pontos.
Para 2005 Märtin muda de equipa e é ao volante de um Peugeot 307 WRC que cumpre aquela que foi a sua última temporada na carreira. Ainda consegue alguns pódios contudo não volta a vencer um rali e é no décimo segundo rali do ano, na Grã-Bretanha, na sequência de um acidente no qual faleceu o seu co-piloto Michael Park (britânico), que Märtin decide colocar um ponto final na sua carreira. Terminou o ano em 5º com 53 pontos. Ao longo de 7 temporadas Markko Märtin venceu 5 ralis.

07 abril 2011

Ferrari 308 GTB - J.-C. Andruet - "Biche" (Rali de Monte Carlo de 1982)

Esta miniatura pertence à colecção Rallye Monte-Carlo – Os Carros Míticos (fasc. nº 61). A Ferrari, um dos maiores nomes do desporto automóvel, pouca expressão tem no mundo dos ralis. Contudo e embora já há muito tempo que não esteja presente num rali, a Ferrari também causou sensação com a sua presença na história dos ralis. E ao que julgo, terá sido sempre pela “mão” de pilotos privados que a Ferrari se apresentou na competição dos ralis, principalmente em provas de asfalto. O sucesso alcançado nos ralis foi limitado, o que se compreende pelo facto de os carros da Ferrari não serem concebidos para estradas de terra ou em mau estado. Na minha opinião, assistir à participação de um Ferrari numa prova do Campeonato do Mundo de Ralis deverá ter sido inesquecível. O Ferrari 308 GTB foi lançado em 1975 no Salão de Paris, substituindo o Dino 308 GT4; o 308 GTB foi desenhado por Pininfarina, vinha equipado com o motor do Dino, um V8 de 3 litros com 255 cv de potência. Posteriormente, este modelo veio dar origem ao Ferrari 288 GTO de 1984. A estética do 308 GTB ainda hoje é cobiçada pelos coleccionadores, sendo considerado um dos mais bonitos Ferrari de sempre. Pininfarina utilizou os materiais de fibra de vidro na carroçaria, sendo o capot a única parte em metal (alumínio). Com um peso de apenas 1290 kg e excelentes performances, Giulano Michelotto viu no 308 GTB um magnífico ponto de partida para uma preparação para os ralis. Como a Ferrari tinha o modelo homologado para a competição, Michelotto partiu daí para desenvolver o 308 GTB no Grupo 4 dos ralis. Após a preparação de Michelotto, o Ferrari 308 GTB a pesar apenas 1020 kg e a desenvolver uma potência de 315 cv às 8000 rpm. Segundo o fascículo que acompanha a miniatura, a primeira prova do 308 GTB nos ralis terá sido no Targa Florio de 1978, com o italiano Roberto Liviero. Nas provas do mundial de ralis, o piloto que mais destaque terá tido com o Ferrari 308 GTB foi o francês Jean-Claude Andruet, que se fazia acompanhar da sua co-piloto e mulher Michèle Petit “Biche”. Vencedor de alguns ralis do mundial, Jean-Claude Andruet participou em vários ralis com o 308 GTB (duas desistências na Volta à Córsega de 1981 e no Monte Carlo de 1982 e um segundo lugar na Volta à Córsega de 1982). Mas foi sobretudo em campeonatos nacionais que o 308 GTB venceu provas e campeonatos, como exemplo cito a vitória de António Zanini no campeonato de Espanha em 1984.
A miniatura que hoje vos apresento é o Ferrari 308 GTB de Jean-Claude Andruet no Rali de Monte Carlo de 1982. O piloto francês não terminou a prova devido a uma saída de estrada num gancho durante a 6ª especial. Contudo, como disse em cima, foi nesse ano que Andruet alcançou o segundo lugar na Volta à Córsega. Ainda em 1982 o piloto italiano Tonino Tognana triunfou na Targa Florio e noutros dois ralis vencendo o campeonato italiano de ralis com um 308 GTB do Jolly Club.
Quando em 1983 surgiram os Lancia 037, o Ferrari 308 GTB deixou de ser utilizado a nível do mundial de ralis mas ainda houve equipas privadas, tanto italianas como norte-americanas que o continuaram a utilizar. In fascículo nº 61 da colecção Rallye Monte-Carlo – Os Carros Míticos.