19 janeiro 2012

Ford Escort Twin-Cam - J.-F. Piot - J. Todt (Rali de Monte Carlo de 1969)

Esta miniatura pertence à colecção Rally Collection (fasc. nº 51).
Com uma carreira de 30 anos nos ralis, o Ford Escort, que foi lançado em 1967, foi um dos carros que o publico mais apreciava ver nas classificativas dos ralis. Na sua fase inicial o Ford Escort foi equipado com um motor Lotus Twin-Cam (duas árvores de cames); daí a designação de Escort Twin-Cam. Este motor de 1601 cm3, que também era utilizado no modelo Cortina, debitava 160 cv às 7500 rpm. A caixa era de 4 velocidades e a tracção era traseira. O Escort era um carro fiável que os fãs adoravam ver devido às “atravessadelas” que o carro dava ao efectuar as curvas. Posteriormente, o Escort foi equipado com o motor BDA, sofrendo mais algumas actualizações. Em 1975 surgiu uma nova carroçaria, que ficou designado como MKII, que deu a conquista dos dois títulos mundiais em 1979. Este novo Escort esteve ao serviço da Ford até meados da década de 80. Ainda no inicio dos anos 80, a Ford chegou a ter programado o lançamento de uma terceira geração do Escort, contudo este projecto acabou por ser anulado: a sua designação era Ford Escort RS1700 Turbo. No pico da era dos Grupo B, a Ford apostou no lançamento do Ford RS200 para os ralis mas o fim abrupto dos carros do Grupo B no final do ano de 1986 levou a Ford a diminuir significativamente a sua actividade nos ralis nos anos seguintes. Durante algum tempo foi utilizado o Ford Sierra Cosworth. Em 1993 ressurgiu o nome Escort e a Ford apostava forte nos ralis e na conquista dos títulos. Primeiro surgiu o Ford Escort Cosworth do Grupo A e posteriormente o Ford Escort WRC. A Ford não voltou a conseguir conquistar os títulos com o Escort mas quando o Focus o substituiu, em 1999, o Escort tinha vencido 34 ralis do mundial. Sem dúvida, um belo currículo.
A miniatura representa o Ford Escort Twin-Cam de Jean-François Piot e Jean Todt (ambos franceses) no Rali de Monte-Carlo de 1969.
Importa referir que em 1969 as instâncias superiores que regulamentavam os ralis não permitiam que os carros dos Grupos 4, 5 e 6 pontuassem nas provas do Campeonato da Europa (na época não havia Campeonato do Mundo), o que quer dizer que apenas pontuavam os carros do Grupo 1, 2 e 3. Assim os organizadores do Rali de Monte-Carlo resolveram criar o Rali Méditerranée que seria realizado em paralelo com a prova monegasca. Desta forma não se excluíram os carros dos Grupos 4, 5 e 6, o que permitiu reunir uma lista de inscritos de fazer inveja, senão veja-se: com os Porsche 911S do Grupo 3 estavam Gérard Larrousse (francês), Bjorn Waldegaard (sueco), Pauli Toivonen (finlandês) e Vic Elford (francês); com os Alpine-Renault do Grupo 4 estavam os franceses Jean-Claude Andruet, Jean Vinatier, Jorma Lusenius e Jean-Pierre Nicolas enquanto Jean-Luc Thérier pilotava um Renault R8 Gordini do Grupo 1; os Ford Escort estavam ao serviço de Hannu Mikkola (finlandês), Ove Andersson (sueco) e Jean-François Piot (francês); com os Lancia Fulvia 1300 tínhamos nomes como Pat Moss, Tony Fall (ambos ingleses) e Rauno Aaltonen (finlandês) e com o Fulvia 1600 estavam Sandro Munari (italiano) e o sueco Harry Kallstrom; Timo Makinen (finlandês) surgia num BMW 2002 TI do Grupo 2, Simo Lampinen (finlandês) utilizava um Saab Sonett V4 enquanto com os Matra 530 apareciam 3 franceses de renome: Jean-Pierre Beltoise, Henri Pescarolo e Jean-Pierre Jabouille. Isto só para mencionar os nomes mais sonantes. Verdadeiramente notável!
Nesta época o Rali de Monte-Carlo era disputado de uma forma completamente da actual: os concorrentes partiam de várias partes da Europa (Lisboa, Reims, Frankfurt, Mónaco…) tendo de percorrer um percurso com mais de 3000 km até ao ponto de concentração. Percorriam em estradas abertas ao trânsito com o objectivo de não sofrerem penalizações. Posteriormente havia um percurso que era comum a todos os participantes. No final o vencedor era aquele que somasse o menor número de pontos. A prova resumiu-se rapidamente a um duelo pelo primeiro lugar entre o Ford Escort de Mikkola e o Porsche de Waldegaard. No caso de Piot, a efectuar a sua primeira prova com o Escort, a sua prestação foi prudente mantendo-se sempre entre os dez primeiros classificados enquanto que vários pilotos de renome foram abandonado: Andruet, Aaltonen, Fall e Andersson. Mais tarde na prova, Hannu Mikkola sofreu uma saída de estrada e atrasou-se significativamente, deixando Piot como o melhor Ford Escort. Mesmo no percurso mais difícil do rali Jean-Pierre Piot foi mostrando as suas qualidades de excelente piloto e nem mesmo quando sentiu alguns problemas com os pneus do Escort deixou de lutar pela melhor classificação possível. No final da prova conseguiu um excelente 4º lugar. A vitória, essa, foi para o Porsche 911S de Bjorn Waldegaard, seguido pelo seu companheiro de equipa, Gérard Larrousse.
NOTA: ler o anterior post sobre Jean-François Piot

08 janeiro 2012

Toyota Celica GT - J.-L. Thérier - M. Vial (Rali 1000 Pistes de 1979)

Esta miniatura pertence à colecção Rally Collection (fasc. nº 50).
Tendo competido desde o final da década de 1970 até ao inicio de 1980, o Toyota Celica GT revelou-se um carro potente mas frágil. Jean-Luc Thérier resumia assim a sua opinião sobre este carro: “Participei em 24 ralis do Campeonato do Mundo ao volante deste Toyota Celica GT e abandonei umas 20 vezes… sempre devido à mesma avaria! Estranho, não? Este carro tinha um moto fantástico mas o problema era ser demasiado potente em relação à sua estrutura. Tínhamos pouca motricidade”. In fascículo nº 50 Rally Collection.
Como o Toyota Celica GT tinha tracção traseira, o eixo detrás era frágil de mais para a potência, verificando-se problemas com a fixação do eixo traseiro. Thérier afirmava “todos os tirantes do eixo saltavam e os amortecedores acabavam por passar através das cavas das rodas”. In fascículo nº 50 Rally Collection.
O Toyota Celica GT utilizava um motor de 4 cilindros em linha com 1998 cm3 que debitava 180 cv às 7300 rpm. A transmissão era traseira e usava um caixa de 5 velocidades.
A miniatura apresentada é o Toyota Celica GT de Jean-Luc Thérier no Rali de 1000 Pistes de 1979.
Disputado nas pistas do campo militar de Canjuers, o Rallye 1000 Pistes de 1979 teve uma impressionante lista de inscritos, digna de um rali do Campeonato do Mundo. Jean-Luc Thérier conseguiu levar o seu potente mas frágil Toyota Celica GT até ao final da prova batendo todos os seu adversários e arrecadando desse modo uma excelente vitória. A lista de inscritos, que tinha 163 automóveis, incluía nomes como o francês Bernard Darniche num Lancia Stratos, o inglês Tony Pond e Jean-Pierre Nicolas ambos em Talbot, o finlandês Timo Makinen num Peugeot 504 Coupé V6, os franceses Guy Fréquelin e Bruno Saby ambos em Renault 5 Alpine, entre outros. Verdadeiramente notável para um rali que não pertencia ao campeonato do mundo.
Com a particularidade de o percurso do rali ser desconhecido para os participantes, as equipas tiveram que fazer o reconhecimento na primeira passagem dos troços e tirar notas para as passagens seguintes. Inicialmente foi Tony Pond (Talbot), que já habituado a este tipo de rali secreto, tomou conta da liderança da prova seguido de Darniche no Stratos. Jean-Luc Thérier preferiu, neste primeiro dia, poupar a mecânica do seu Toyota Celica e aproveitar para recolher boas notas dos troços. Com o objectivo de vencer a Taça de França de Ralis de Terra, Thérier tinha que vigiar Bruno Saby e Christian Dorche (Opel Kadett GTE), enquanto Nicolas capotava e perdia 7 minutos. No final do primeiro dia Thérier encontrava-se na segunda posição atrás do Lancia Stratos de Darniche, a uma distancia de 1min09s. No dia seguinte, o azar de Darniche foi a sorte de Thérier: uma jante partida do Stratos fez com que Darniche perdesse 7 minutos e todas as hipóteses que tinha de lutar pela vitória. Deste modo Thérier assumiu a liderança mas pouco tempo depois o Celica teve um furo que fez com que Thérier fosse obrigado a ceder o primeiro lugar ao corajoso Tony Pond (Talbot). Nesta segunda passagem pelas especiais vários pilotos foram afectados por furos nos seus carros, sendo Pond o primeiro com 49 segundos de vantagem sobre Thérier e em terceiro surgia Darniche que vinha recuperando o tempo perdido. Na terceira passagem, Thérier surgiu ao ataque e bateu várias vezes o Talbot de Pond, assumindo a liderança da prova. Jean-Luc Thérier soube defender a sua posição e venceu o rali em Canjuers pela terceira vez consecutiva. Pond ficou em segundo lugar a apenas 20 segundos e Darniche foi o terceiro classificado.