15 maio 2011

Lancia Delta S4 Proto - G. Trelles - M. Ortiz (Rali de Toledo de 1988)

Esta miniatura pertence à colecção Rally Collection (fasc. nº 38).
Lançado no auge do regulamento do Grupo B, o Lancia Delta S4 faz a sua estreia no RAC de 1985. O Lancia Delta S4 foi um dos carros de ralis mais radicais da sua época, com “um chassis tubular utraleve, carroçaria de kevlar e mtor central que, graças a um turbo ea um compressor volumétrico, debitava quase 500 cv. Foi um verdadeiro monstro da estrada, com uma relação peso-potência inferior a 2 kg/cv”. In fascículo Rally Collection nº 38.
Após a proibição dos carros do Grupo B no Mundial de Ralis, que aconteceu no final do campeonato de 1986 em consequência dos acontecimentos trágicos ocorridos durante esse campeonato, o Lancia Delta S4 ainda continuou a sua carreira desportiva, nomeadamente em alguns campeonatos nacionais que permitiam todo o tipo de veículos incluindo os protótipos. E é assim que o Lancia Delta S4 aparece, ou melhor, continua a participar no Campeonato Espanhol de Ralis. O piloto italiano Fabrizio Tabaton venceu o Campeonato Europeu de Ralis em 1986, tendo vencido 3 ralis em Espanha (Costa Brava, Príncipe das Astúrias e Catalunha) com o Delta S4. Em 1987 o espanhol Juan Carlos Oñoro venceu o campeonato espanhol de Ralis também com o Lancia Delta S4 e em 1988 o piloto uruguaio Gustavo Trelles, com a mesma equipa (Lancia Espanha), também se sagrava Campeão Espanhol de Ralis, batendo o Ford RS200 de Carlos Sainz (espanhol). Gustavo Trelles venceu os Ralis de Murcia, Toledo, Balaguer e Madrid, sendo 2º no Rali da Rioja e Avilés. Nos dois anos seguintes (1989 e 1990), Gustavo Trelles continuou com o Lancia Delta S4 e sagrou-se Campeão de Espanha nesses dois anos. Em 1989 venceu 5 ralis: Murcia, Álava, Lugo, Toledo e Madrid; em 1990 venceu mais 5 ralis: Logroño, Balaguer, Lugo, Vigo e Murcia. Posteriormente, Gustavo Trelles voltou a sagrar-se campeão de Espanha em 1992 com o Lancia Delta do Grupo A. Apesar da sua carreira ainda ter passado pelo Campeonato do Mundo de Ralis, foi no Grupo N que obteve as suas maiores vitórias: Trelles foi 4 vezes Campeão do Mundo de Ralis no Grupo N (de 1996 a 1999), onde somou 21 vitórias em seis anos. Em 2000 e 2001 foi o vice-campeão do Grupo N e em 2002 terminou a sua carreira desportiva.
A miniatura representa o Lancia Delta S4 Proto com o qual Gustavo Trelles venceu o Rali de Toledo (Campeonato de Espanha) em 1988, ano em que se sagraria campeão espanhol de ralis. A miniatura está relativamente bem conseguida sendo notória a falta dos logótipos das duas marcas de tabaco que patrocinavam o Delta S4 de Trelles.
O Lancia Delta S4 dispunha de um motor central, longitudinal de 4 cilindros em linha, com 1759 cc. A potência rondava os 500 cv e utilizava um caixa manual de 5 velocidades. O motor combinava duas técnicas paralelas de sobrealimentação: um compressor volumétrico Volumex, tecnologia já utilizada no 037, e um turbo Garrett, aproveitando assim os benefícios dos dois sistemas. O turbo proporcionava potência extra a regimes altos, ao passo que o compressor volumétrico permitia que o motor respondesse melhor a baixa rotação porque estava sempre a trabalhar. A potência era de 450 cv às 8000 rpm e o binário máximo de 400 Nm às 5000 rpm, números impressionantes para um motor de apenas 1,8 litros e que ainda aumentavam nas provas de asfalto, nas quais a pressão de sobrealimentação chegava a proporcionar 500 cv. In fascículo Rally Collection nº 38.
No Campeonato do Mundo de Ralis o Lancia Delta S4 venceu a sua primeira prova em que participou, o RAC de 1985 com Henri Toivonen (finlandês), depois venceu o Rali de Monte Carlo de 1986 novamente com Toivonen, posteriormente ainda em 1986 Massimo Biasion (italiano) venceu o Rali da Argentina e Markku Alen (finlandês) venceu o Rali Olympus de 1986 naquele que foi o último rali do Delta S4 no mundial. No total o Lancia Delta S4 venceu 4 ralis do mundial.

08 maio 2011

Simca 1100 S - B. Fiorentino - M. Gelin (Rali de Monte Carlo de 1972)

Esta miniatura pertence à colecção Rally Collection (fasc. nº 35).
Em 1972 o Rali de Monte Carlo já ia na 41ª edição e a avaliar pela lista de inscritos parecia que nenhuma marca de automóveis queria faltar a este grande acontecimento. A lista de participantes da época deixa actualmente qualquer organizador de um rali do mundial “verde” de inveja: nesse longínquo ano de 1972 o Monte Carlo registou 264 participantes. A prova iria decorrer em Janeiro, entre 21 a 28 desse mês. Nesses tempos, o rali era composto por duas partes distintas: havia um percurso de concentração ao longo de 3 dias e 3 noites, onde os concorrentes partiam de vários pontos da Europa até à concentração no Mónaco; a segunda parte do rali era constituída de 398 km de provas cronometradas; ao todo a edição de 1972 do Monte Carlo constava de 5900 km.
O vencedor desse ano foi o piloto italiano Sandro Munari ao volante de Lancia Fulvia 1.6 Coupé HF. A oposição do piloto italiano vinha do Porsche de Larrouse e da frota dos Alpine-Renault. Munari venceu e Larrouse foi o segundo classificado.
A Simca (Société Industrielle de Mécanique et Carrosserie Automobille) foi criada em 1935 com o objectivo de facilitar a produção dos Fiat na França. Em 1958 a Chrysler entrou no capital da Simca, tornando-se maioritária em 1970. Posteriormente com as dificuldades financeiras da Chrysler, a Simca é adquirida pela Peugeot, passando-se a designar por Talbot em 1980. Sete anos mais tarde a história da Simca terminou quando saiu o último Talbot. In fascículo nº 35 da Colecção Rally Collection.
A miniatura de hoje é o Simca 1100 S de Bernard Fiorentino (francês) no Rali de Monte Carlo de 1972. Como é fácil de compreender, Fiorentino não lutava pela vitória na classificação geral mas propunha-se vencer na sua categoria e terminar a melhor posição possível o Rali de Monte Carlo.
O Simca 1100 S dispunha de um motor de 4 cilindros em linha, com 1294 cc que debitava 65 cv de potência às 6500 rpm. A tracção era à frente e utilizava uma caixa de 4 velocidades. Apesar das modestas prestações, o Simca 1100 S (“S” de Spécial) tinha um temperamento nervoso, com um bom comportamento em estradas sinuosas. O motor era suave e tinha boas recuperações; a suspensão era confortável e o sistema de travagem transmitia confiança a quem andasse depressa.
Bernard Fiorentino, que já era piloto da Simca desde 1967, apresentou-se no Rali de Monte Carlo de 1972 ao volante de um Simca 1100 S. Na primeira parte da prova Fiorentino sofreu uma penalização de 1m30s por ter trocado de travões traseiros. Isso significava que Fiorentino partia para as provas cronometradas com um minuto e meio de atraso, logo esperava-se uma prova difícil. Com um carro de modestas prestações, Fiorentino sentia algumas dificuldades nas subidas mas com o seu talento conseguia compensar e recuperar tempo perdido nas descidas. Houve outro factor que entrou em cena que viria a beneficiar Fiorentino e o Simca: a neve. Mais uma vez, com o seu talento aliado à boa motricidade do carro, Fiorentino soube escapar ileso das especiais cheias de lama e gelo, que foram fazendo uma razia nos seus adversários. Na última noite do Monte Carlo, Fiorentino conseguiu levar o pequeno Simca ao fim de uma prova tão difícil como o Monte Carlo: dos 264 participantes iniciais apenas 24 conseguiram chegar ao fim. Bernard Fiorentino terminou no 16º lugar da geral, foi o 3º do Grupo1 e venceu a Classe 1300. Nada mal.
No ano seguinte, Bernard Fiorentino voltou ao Monte Carlo com outro Simca, história que já vos contei aqui no 4Rodinhas.