Mais um ano passou neste humilde
blog; eu sei que foram poucas as novidades mas o ritmo das minhas aquisições
diminuiu, facto que aliado à falta de disponibilidade e de tempo livre levaram
a que o tempo dedicado ao blog tenha diminuído e que por via disso algumas
ideias para o blog estejam na “gaveta”. Por exemplo a ideia das minhas
conversas com outros coleccionadores que aqui ia colocando encontra-se neste
momento em stand by. Contudo o que interessa é que o
4Rodinhas comemora hoje 8 anos de existência e mesmo num momento de pouca
dinamização do blog quero agradecer a todos os visitantes do 4Rodinhas. Um
grande abraço a todos.
Esta miniatura pertence à
colecção A Paixão pelo Rally.
A Lancia tinha apresentado no
final do campeonato de 1985 a sua nova arma para o campeonato de ralis de 1986:
o Lancia Delta S4. A estreia no mundial não podia ter sido a melhor, no RAC o
Lancia Delta S4 de Henri Toivonen (finlandês) foi o primeiro seguido pelo seu
colega de equipa Markku Alen (finlandês). Estavam criadas grandes expectativas
para 1986.
A miniatura representa o Lancia Delta S4 de Frabrizio Tabaton (italiano) no Rali de Sanremo
de 1986. Frabizion Tabaton não terminaria o Rali de Sanremo mas, como se iria
ver mais para o fim do ano, seria o italiano a dar o único título ao Delta S4:
o de Campeão da Europa.
O Lancia Delta S4 utilizava um
motor de 1759 cm3 de 16 vávulas com turbocompressor e compressor volumétrico
que debitava 450 cv às 8000 rpm. O motor estava colocado em posição central e
longitudinal. O Delta S4 já dispunha de tracção intgral com uma caixa manual de
5 velocidades e diferencial viscoso com distribuição pré-fixada. A carroçaria
era um coupé de 2 portas, de kevlar sobre chassis tubular de aço. A suspensão
dianteira e traseira por paralelogramas deformáveis. Travões de disco
ventilados nas 4 rodas. O peso era de 890 kg. Informações técnicas retiradas do fascículo que acompanha a miniatura.
O Campeonato de Ralis de 1986
tinha chegado ao Rali de Sanremo já com o título de marcas definido, a Peugeot
tinha renovado o título anteriormente conquistado, mas o título de pilotos
continuava ainda por definir, contudo era Juha Kankkunen (finlandês), piloto da
Peugeot, que estava em vantagem mas Alen (Lancia) ainda sonhava com a
conquista.
Contudo o desenrolar
do campeonato até ao rali italiano tinha sido bastante dramático e havia já
grandes alterações definidas para o futuro da modalidade. No Rali de Monte
Carlo tinha vencido a Lancia e Toivonen, na Suécia a vitória foi para a Peugeot
e Kankkunen. Em Portugal acontece o acidente que vitimaria 3 espectadores e é
dado o alerta de que alguma coisa teria que ser feita pela segurança dos ralis.
Os pilotos das equipas oficiais optaram por se retirar do rali e a vitória
coube ao português Joaquim Moutinho num Renault 5 Turbo. Seguiu-se o Safari,
mas aqui reinava a Toyota e Bjorn Waldegard (sueco).
Na Volta à Córsega
acontece nova tragédia, Henri Toivonen morre num acidente e a Lancia retira os
carros em sinal de respeito. Bruno Saby num Peugeot 205 T16 vence a prova. Na
sequência deste acidente o futuro dos carros do Grupo B estava selado: no final
do ano seriam proibidos. Na Acropole Juha Kankkunen vence o duro rali e repete
a proeza no Rali da Nova Zelândia. A segunda vitória da Lancia, após Monte
Carlo, aconteceu no Rali da Argentina por Miki Biasion (italiano). No Rali da
Costa do Marfim a Toyota e Waldegard voltaram a vencer. O Rali da Finlândia foi
o palco da consagração da Peugeot que com a vitória de Timo Salonen (finalndês)
conquistaria o título de marcas. No Rali de Sanremo a luta pelo título de
pilotos era entre Kankkunen (Peugeot) e Alen (Lancia) que tinha uma desvantagem
de 22 pontos em relação ao primeiro. Os pilotos da Peugeot dominaram na
primeira e segunda etapa. Alen ainda recuperou o atraso na
segunda etapa e
aproximou-se de Kankkunen que era o líder. Na terceira etapa, os comissários
técnicos desclassificaram os Peugeot devido a uns suportes que os carros tinham
na parte inferior do chassis e que tinham servido para suportar um dispositivo
de efeito solo. Esse dispositivo que tinha sido utilizado nas primeiras provas
do campeonato foi proibido pela FIA. A Peugeot retirou o dispositivo mas não os
seus suportes. Os Peugeot que correram e venceram os três ralis antes de San
Remo tinham esses suportes e os comissários não os consideram ilegais. A
polémica foi grande. A Peugeot apelou contra esta decisão e acusou de se estar
a favorecer a Lancia. A FIA só depois de terminado o campeonato é que iria
emitir uma decisão sobre o apelo da Peugeot. A vitória no Sanremo foi para Alen.
Massimo Biasion (italiano), que ficou em terceiro, deixou os dois colegas de
equipa, Alen vencer para ainda ter hipóteses de vencer o campeonato de pilotos
e Dário Cerrato (italiano), que foi o segundo, para tentar vencer o campeonato
italiano (que vira a não conseguir). E assim Alen reduziu para 2 pontos a
diferença que tinha para Kankkunen. Após a polémica do Rali de Sanremo, os
finlandeses Markku Alen (Lancia) e Juha Kankkunen (Peugeot) chegavam ao RAC
separados
por apenas dois pontos na discussão do campeonato de pilotos quando
faltavam apenas dois ralis.
A Lancia
participava com Alen e Mikael Ericsson (sueco) e a Peugeot com Kankkunen e Timo
Salonen (finlandês). A luta pela vitória foi intensa. Enquanto Ericsson
abandonava, Alen ficava só a lutar contra os dois pilotos da Peugeot. A vitória
foi para Timo Salonen, Markku Alén ficava em segundo lugar e ganhava vantagem
no campeonato sobre Kankkunen, que foi o terceiro.
No último rali
do campeonato, o Rali Olynmpus, nos EUA, a Peugeot e a Lancia apenas levaram
Kankkunen e Alen para discutir o título de campeão de ralis de 1986. O rali
iria
ser disputado ainda sob a incógnita da decisão que a FIA iria tomar sobre
a polémica desclassificação da Peugeot no Rali de Sanremo. Markku Alen fez uma
prova irrepreensível e venceu o rali americano tornando-se finalmente campeão
do mundo de ralis... até à decisão da FIA. Em Dezembro a FIA decidiu-se pela
anulação dos resultados do Rali de Sanremo e o título mudou de mãos. Juha
Kankkunen sagrou-se campeão em 1986 com 118 pontos (3 vitórias) e Alen ficou em
segundo lugar com 104 pontos (2 vitórias, uma delas no Sanremo). A Peugeot foi
campeã com 137 pontos (6 vitórias) e a Lancia ficou na segunda posição com 122
pontos (2 vitórias, na realidade venceu quatro ralis: no Sanremo os resultados
foram anulados e a vitória de Alen no Olympus não contava para o campeonato de
marcas).
Assim terminava um ano negro no mundial de ralis. Foi o fim do Grupo B.
No ano seguinte o campeonato mundial de ralis seria disputado com os carros do
Grupo A.