

Esta miniatura pertence à colecção Grand Prix Mitos da Formula 1.
Em 1990 a Tyrrell, sendo uma pequena equipa que vivia com um escasso orçamento e que não podia ombrear com as grandes equipas, procurava através da criatividade aquilo que não conseguia com os parcos recursos financeiros. Podemos dizer que foi a Tyrrell, esta pequena equipa do “Tio” Ken, a grande responsável pela mudança do aspecto aerodinâmico que actualmente os carros da Formula 1 apresentam.
O modelo da Tyrrell utilizado no campeonato de 1990 partia da base do Tyrrell 018 de 1989, sendo até bastante parecidos. Contudo havia uma grande diferença, o nariz do Tyrrell 019 de 1990 estava elevado. E essa foi a grande inovação da equipa de Ken Tyrrell e que posteriormente veio a ser copiada por todos os outros construtores. Actualmente e desde há muitos anos que esta é a norma para os “bicos” de todos os Formula 1.
O Tyrrell 019 foi da responsabilidade do britânico Harvey Postlethwaite e do engenheiro aeronáutico francês Jean-Claude Migeot. O motor era o Ford Cosworth DFR V8, que embora sendo menos potente que os V10 ou V12 da concorrência, era mais leve e ocupava menos espaço, daí que o Tyrrell 019 apresente uma aerodinâmica mais estilizada. O fornecedor de pneus para 1990 foi a Pirelli que substituiu a Goodyear, a marca utilizada em 1989.
Para o campeonato de 1990, Ken Tyrrell manteve na equipa de pilotos o jovem e promissor piloto francês Jean Alesi, que tinha sido contratado, sensivelmente, a meio do campeonato do ano anterior, ao qual se juntou o experiente, mas modesto, piloto japonês Satoru Nakajima. No entanto, seria ainda com o Tyrrell 018 de 1989, que estes dois pilotos participariam nas duas primeiras provas do ano.
O Tyrrell 019 só se estreou no GP de Imola (3ª corrida do ano), tendo participado nas restantes provas campeonato. No decorrer das provas ficou provada a sua competitividade. Embora não tenha vencido nenhuma GP, ficou em segundo lugar no Monaco, e permitiu a que Jean Alesi mostrasse o seu valor na maior categoria do automobilismo mundial, despertando o interesse das grandes equipas. Quer a competitividade de Alesi quer do Tyrrell 019 fica demonstrada no facto de o piloto francês ter-se qualificado para a grelha de partida dos GP’s quase sempre entre os 10 primeiros. No final do ano, Alesi termina o campeonato na 9ª posição com 13 pontos (dois segundos lugares e um sexto) e com um contrato para guiar pela Ferrari no ano seguinte. Enquanto Nakajima é 15º com 3 pontos (três sextos lugares). A Tyrrel fica em 5º lugar com 16 pontos.
Eis então a miniatura do Tyrrell 019 de 1990, aqui na versão do piloto francês Jean Alesi. Infelizmente e não é inédito nestas colecções, há um erro nesta miniatura. Como disse em cima, a Tyrrell utilizou neste ano pneus da marca Pirelli e a miniatura exibe, erradamente, a marca Goodyear nos pneumáticos.

1990 - O Campeonato
Terceiro ano consecutivo da batalha entre Ayrton Senna (brasileiro) e Alain Prost (francês). Se nos dois anos anteriores os dois pilotos se encontravam na mesma equipa, para este ano havia uma mudança. Prost mudou de equipa e encontrava-se agora na Ferrari, ao lado de Nigel Mansell (britânico). Senna manteve-se na McLaren e tinha agora como colega o austríaco Gerhard Berger (ex-Ferrari).
O campeonato começou nos E.U.A., no GP de Phoenix, e logo com algumas surpresas: Berger fez a pole-position na sua primeira corrida com a McLaren e Senna era apenas o 5º da grelha de partida. O segundo era Perluigi Martini (italiano) num Minardi, o terceiro era Andrea de Cesaris (italiano) num Dallara e o quarto era Alesi num Tyrrell. Prost, em Ferrari, era apenas o 7º e Mansell, no outro Ferrari, o 17º!
Na largada, Alesi, que utilizava o Tyrrell 018 do ano anterior, surpreendeu e assumiu a liderança. Um chassis muito bem equilibrado e os pneus Pirelli muito competitivos permitiram que Alesi efectuasse uma excelente prova. Berger, que era segundo, cometeu um erro e abandonou devido a um despiste. Entretanto Senna começava a reagir e conseguiu ultrapassar Alesi chegando á liderança a meio da prova. Mas o piloto da Tyrrell respondeu e em acto imediato ultrapassa o brasileiro, surpreendendo-o. Senna reage na volta seguinte e ultrapassa Alesi e desta vez não se deixa surpreender. Senna vence a corrida e Alesi fica em segundo lugar apenas a 8 segundos do brasileiro. O belga Thierry Boutsen (Williams) é o terceiro. Nenhum Ferrari terminou a corrida. Satoru Nakajima ficou em 6º lugar com o outro Tyrrell. Excelente início de campeonato para Ken Tyrrell.
No GP do Brasil, na estreia do Autódromo José Carlos Pace, esperava-se a primeira vitória de Senna no Brasil. Contudo a Ferrari mostrou que tinha andamento para a McLaren. A luta pela vitória foi renhida e a vitória só ficou definida quando Senna cometeu um erro ao tentar ultrapassar Nakajima, tento batido na roda traseira do Tyrrell e destruindo a secção dianteira do McLaren. Prost venceu a prova brasileira, Berger ficou em segundo lugar e Senna foi o terceiro.
No final do GP de Imola, o campeonato conhecia o terceiro vencedor em três corridas: o italiano Riccardo Patrese (Williams). O italiano já não vencia um GP há quase 7 anos, desde os seus tempos na Brabham. Senna foi o primeiro líder mas desistiu com uma jante partida. A liderança passou para Boutsen (Williams) mas uma passagem de caixa falhada ditou o abandono do belga. Patrese aproveitou os problemas que afectaram Senna e Boutsen para atacar Berger (McLaren), que era agora o líder. A subida de forma dos Williams-Renault confirmou-se com a ultrapassagem ao McLaren de Berger, que nada pode fazer. Patrese venceu a corrida, Berger ficou em segundo lugar e Alessandro Nannini (italiano) em Benetton completou o pódio. Prost ficou na quarta posição. Alesi, que estreou o Tyrrell 019, terminou na sexta posição.
Nos dois GP’s seguintes, Monaco e Canada, a vitória foi para o mesmo piloto: Ayrton Senna. No Monaco, Senna obteve a sua quarta vitória no tortuoso circuito monegasco. O domínio do piloto brasileiro foi total: vitória (liderou da primeira à última volta), melhor volta e pole-position. Contudo, por pouco a vitória quase que lhe escapou. Nas últimas voltas o motor do McLaren de Senna começou a falhar e Alesi aproximou-se de tal maneira que se a corrida tivesse mais uma volta teria ultrapassado o brasileiro. Alesi terminou em segundo lugar a 1 segundo de Senna. Berger foi o terceiro. No GP do Canada, Senna sentiu algumas dificuldades devido a uma afinação para chuva porque a pista se apresentava com o piso molhado mas que posteriormente veio a secar. Mas mesmo assim conseguiu uma vitória, seguido de Nelson Piquet (brasileiro) num Benetton e de Nigel Mansell (Ferrari).
No GP do México assistiu-se uma corrida emocionante e bastante disputada. A luta, nas últimas voltas, entre Mansell e Berger foi fantástica. Berger efectuou uma excelente corrida mas Mansell conseguiu uma ultrapassagem brilhante sobre o austríaco, que lhe valeu o segundo lugar atrás de Prost. Prost fez uma corrida tacticamente irrepreensível; partindo da 13ª posição da grelha de partida, Prost soube gerir o desgaste dos seus pneus de tal maneira que não fez uma única paragem para trocar de pneus. A sua corrida foi uma lenta evolução na classificação mas no fim a vitória não lhe escapou… Foi uma dobradinha da Ferrari: Prost e Mansell.
No GP da França a Ferrari festejou a sua centésima vitória na Formula 1. Alain Prost “assinou” desta maneira o seu nome na história da Ferrari. Tal como no GP anterior, Alain Prost iniciou a prova num ritmo calmo de modo a poupar a mecânica do carro e os seus pneus. Se por um lado Senna passava por algumas dificuldades inesperadas nas boxes, por outro havia quem estivesse a surpreender ao efectuar uma excelente corrida: Ivan Capelli (italiano) num Leyton House. Prost não tinha a oposição de Senna, seu rival de sempre, mas o italiano da Leyton House estava na frente do GP e quase que resistiu aos ataques do francês da Ferrari. A vitória acabou nas “mãos” de Alain Prost e a Ferrari festejou a sua vitória número 100 na Formula 1. Capelli ficou com o segundo lugar e Senna ficou em terceiro.
Ao chegar à Inglaterra, para disputar a oitava prova do ano, Alain Prost, talvez inspirado com as duas vitórias nas duas últimas corridas, aproveitou a embalagem e superou os seus adversários para vencer o terceiro GP consecutivo de 1990. Mansell fez a pole-position mas Senna fez uma excelente partida e ganhou a liderança. Contudo, Senna sentiu algumas dificuldades para aguentar Mansell. Até que comete um erro e faz um pião que o obrigou a ir às boxes e que lhe retirou quaisquer hipóteses de lutar pela vitória. Mansell acabaria por abandonar numa altura que poderia ter dado a dobradinha à Ferrari. No final da prova, anunciaria a sua retirada das competições no fim do campeonato. Alain Prost venceu a prova, Boutsen foi o segundo e Senna o terceiro.
Decorrida a primeira metade do campeonato, entre os pilotos Prost era o primeiro com 41 pontos seguido de Senna com 39 pontos. Nos construtores a McLaren estava em primeiro lugar com 64 pontos com a Ferrari a 10 pontos de distância.
(continua)
Os pilotos do Tyrrell 019 em 1990 foram: Satoru Nakajima (#3) e Jean Alesi (#4).
Vitórias: 0
Pole-position: 0
Melhor volta : 0