17 setembro 2007

Ferrari D246 (1958)

Esta miniatura pertence à colecção Ferrari Collection.
Nota: Para tentar ser um pouco diferente do que venho fazendo e aproveitando o facto do Ferrari D246 pertencer a uma época que me faz lembrar que as fotografias eram a preto e branco (apesar de nessa altura já existir a fotografia com cor), as fotografias que vou postar hoje são a preto e branco... se o resultado não agradar efectuarei algumas alterações.A miniatura do Ferrari D246 foi adquirida numa papelaria durante um passeio, aliás como já expliquei no post sobre o Ferrari 512 S.
Em Fevereiro já tinha efectuado um post sobre o Ferrari D246 mas como esta miniatura deste modelo da Ferrari apresenta algumas alterações em relação à anteriormente postada resolvi voltar a falar sobre o D246 (também conhecido como Ferrari Dino).
Assim, as diferenças visíveis são ao nível do pára-brisas e das jantes. As duas versões do pára-brisas foram utilizadas pelo D246 em 1958, isto é, quer na versão em que o pára-brisas é apenas um rectângulo colocado à frente da cabeça do piloto como na versão integral que completa o perímetro do cocpit. Já em relação às jantes, a anterior miniatura da Brumm que mostra as jantes do D246 totalmente pretas julgo estar errada, esta miniatura, com as jantes prateadas, que hoje apresento deverá ser a que está correcta.
Outro facto que me chamou à atenção e para o qual não consigo determinar correctamente é quem era o piloto deste Ferrari D246. Como a miniatura não tinha fascículo para me informar, apenas posso especular sobre quem seria o piloto e a corrida onde participou. Como sabemos, nesta época os carros trocavam de numeração de corrida para corrida. Assim e tendo como base de partida o ano em que o D246 estreou na Formula 1 (1958) foi possível apurar que o Ferrari D246 com o número 4 correu em sete provas, durante os 3 anos que esteve em competição, com os seguintes pilotos:
Em 1958:
- GP da Holanda, com Peter Collins (abandonou);
- GP da França, com Mike Hawthorn (vitória, pole-position e melhor volta);
- GP da Alemanha, com Wolfgang von Trips (quarto lugar);
- GP de Marrocos, com Phil Hill (terceiro lugar).
Em 1959:
- GP da Alemanha, com Tony Brooks (vitória, pole-position e melhor volta);
- GP dos EUA, com Wolfgang von Trips (sexto lugar);
Em 1960:
- GP da França, com Wolfgang von Trips (décimo primeiro lugar).
Quero acreditar que esta miniatura possa ser a que representa a vitória de Mike Hawthorn no GP da França em 1958, ano em que se sagrou Campeão do Mundo.
O palmarés do Ferrari D246 e seus pilotos durante os 3 anos que esteve em competição:
Participou em 25 GP’s.
Vitórias: 5 (1958: 2 / 1959: 2 / 1960: 1)
Pole-Positions: 7 (1958: 4 / 1959: 2 / 1960: 1)
Melhores voltas: 10 (1958: 6 / 1959: 2 / 1960: 2)
Pilotos: Mike Hanthorn (Campeão em 1958 com o D246); Tony Brooks; Jean Behra; Cliff Allison; Peter Collins; Olivier Gendebien; Richie Ginther; José-Froilen Gonzalez; Dan Gurney; Phil Hill; Willy Mairesse; Luigi Musso; Wolfgang von Trips.
Falando agora um pouco sobre o ano de 1958. Esse ano foi o início visível da revolução na Formula 1. Várias alterações foram-se sucedendo no seio da Formula 1 dando origem a mudanças significativas nas forças dominantes, quer ao nível dos construtores quer nos pilotos.
A gasolina permitida agora era apenas a utilizada na aviação (de 100 a 130 octanas) porque era a única que estava disciplinada por regras e padrões internacionais. As provas também foram reduzidas. Anteriormente a extensão das corridas era de 500 km ou 3 horas e agora passava a ser de 300 km ou 2 horas. Foi também o ano em que uma equipa privada com um carro de motor central traseiro venceu pela primeira vez na Formula 1 e ousou pôr em causa as equipas de fábrica dominantes (Ferrari, Vanwall e Maserati, que já tinha abandonado a competição no ano anterior mas os seus modelos continuavam a ser utilizados por equipas privadas). O ano de 1958 foi também o último ano de competição para o penta Campeão do Mundo Juan Manuel Fangio. Foi o ano em que foi introduzido o Campeonato Mundial de Construtores.
Tudo isso ficou provado logo na primeira prova do ano, no GP da Argentina. A gasolina agora permitida era benéfica para a redução de consumo, que aliada à menor extensão das provas causou repercussões imediatas nos carros de Formula 1. Aonde? No peso, na dimensão dos carros e pneus: como não necessitavam de grandes depósitos para grandes quantidades de combustível foi possível construir carros mais pequenos, mais leves que limitavam o desgaste dos pneus.
E foi isso que se verificou na abertura do campeonato em Bueno Aires, Argentina.
A Vanwall, equipa pela qual corria Stirling Moss, cedeu o piloto à Cooper porque não tinha os seus carros preparados para o início do campeonato. Apesar de só terem participado 10 carros na prova, Moss apenas conseguiu o sétimo lugar na grelha de partida, com o Cooper. Moss tinha delineado uma estratégia para a corrida sem parar nas boxes. O pequeno Cooper tinha uma desvantagem em relação aos adversários, em caso de paragem nas boxes para mudança de pneus, que era o facto de perder mais tempo devido às suas rodas serem apertadas com quatro porcas enquanto que os adversários apenas utilizavam uma porca central nas rodas. Como o Cooper era mais pequeno, mais leve, logo causava menos desgaste nos pneus, a estratégia de Moss para bater os adversários era não parar nas boxes quando todos o iriam fazer. E assim foi, Moss chega à liderança do GP quando os seus adversários vão parando para mudar de pneus. E nunca mais perdeu o primeiro lugar na corrida embora as outras equipas estivessem à espera que Moss também efectuasse uma paragem nas boxes. A corrida seguinte, no Mónaco, também foi vencida por um Cooper (Maurice Trintignant). Estava confirmada a vitória anterior de Moss num Cooper e a superioridade dos pequenos carros de motor central traseiro... apesar de a Cooper só no ano seguinte ter conseguido vencer os títulos.
A Vanwall foi a primeira equipa Campeã do Mundo, com 48 pontos e 6 vitórias. A Ferrari ficou em segundo lugar com 40 pontos e 2 vitórias.
Mike Hawthorn, que fez um campeonato muito regular com o Ferrari D246, sagrou-se Campeão apenas com uma vitória (42 pontos) e Stirling Moss ficou em segundo lugar com 41 pontos e 4 vitórias.

6 comentários:

Anónimo disse...

Sensacional, José, excelente idéia tirar as cores.
E mais uma grande história, parabéns!

[]'s!

José António disse...

Obrigado, Romário.

Resolvi tirar as cores porque já tinha pensado nisso mas já não tinha nenhuma miniatura dos anos 50 para fazer um post sem cor.

Depois surgiu novamente a oportunidade de fazer um post sem cor quando recentemente comprei esta miniatura do D246. E como já tinha postado um Ferrari D246 com cor...

Ainda bem que gostou.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Ola José, boa noite! Antes de mais nada obrigado pelo aviso. o erro passou por mim . Sò notei a hora que você avisou. COm relaçao a foto preto e branco ficou muito bom. PArabens pela ideia.

Anónimo disse...

Ola José, sem problemas. Segundo o próprio site da Ferrari em 1968 foi utilizado o 312 F1-68, mesmo. Agora está tudo ok !!!!

O legal dos blogs isso: Troca de informação com qualidade!!

Abraços

Anónimo disse...

Sem levantar polêmicas, o argentino Juan Manuel Fangio , foi penta campeão mundial ( 5 vezes) O Michael Schumacher é que foi hepta campeão ( 7 vezes.)

Valeu.

Abraços

José António disse...

Grande erro meu!!!
Obrigado Fleetmaster. Vou já corrigir o texto...
Ainda bem que tenho leitores atentos.
Cumprimentos