08 outubro 2007

Brabham BT55 - Elio De Angelis (1986)


Esta miniatura é da marca Minichamps.
Uma das mais fantásticas miniaturas da minha colecção. Na minha opinião, o Brabham BT55 é um dos mais belos carros de Formula 1 jamais construídos. Mas o seu insucesso nas pistas foi estrondoso, talvez do tamanho da sua beleza.
Em 1986, a Brabham, equipa de Bernie Ecclestone, resolveu dar um passo revolucionário na concepção do seu novo monolugar. Contudo a equipa não estava preparada para conseguir desenvolver um projecto dessa envergadura e o resultado final foi desastroso. E esse falhanço custou o lugar ao seu projectista de longos anos, o sul-africano Gordon Murray. No entanto nem tudo seria desperdiçado já que tinham sido dados avanços importantes para um futuro próximo.
Mais negativo do que o falhanço do BT55 foi a morte trágica do italiano Elio De Angelis ao volante de um BT55 quando testava em Castellet.
O Brabham BT55 deveria ser, em teoria, o melhor carro de Formula 1. O projecto do BT55 obrigou a BMW a construir um motor Turbo de 4 cilindros que funcionava quase na vertical, isso era fundamental para a construção do Formula 1 mais baixo de sempre. O facto de o motor ter uma forte inclinação (72 graus sobre o lado esquerdo) levou à reestruturação de todo o sistema de lubrificação. E este foi um dos pontos em que o BT55 teve sempre grandes problemas... Em teoria, as vantagens do Brabham BT55 eram: sendo muito baixo, deveria ter velocidades maiores em curva e em recta, mas essa vantagem aerodinâmica nunca se verificou; também ao nível dos pneus deveria ter um maior aproveitamento e permitir a utilização de compostos mais macios porque teoricamente o desgaste seria menor do que o dos adversários mas também aqui falhou; o BT55 dispunha de uma caixa revolucionária de 7 velocidades que, mais uma vez, em teoria deveria favorecer os pilotos da Brabham mas mais uma vez isso não se verificou. Esta sucessão de falhanços deu origem a uma das mais fracas épocas da Brabham até então. Apenas dois pontos conquistados graças ao piloto italiano Riccardo Patrese...
Nesse ano de 1986, Ecclestone contratou dois novos pilotos, os italianos Elio De Angelis, que vinha da Lotus, e Riccardo Patrese, que regressa à equipa e deixava a Alfa Romeo. Após a morte de Elio de Angelis, foi contratado o inglês Derek Warwick, que ficou sem contrato para correr nesse ano após o abandono da Renault e depois de ter visto Ayrton Senna (brasileiro) vetar-lhe a entrada na Lotus.
1986 – O Campeonato (continuação)
A seguir ao GP do Mónaco e antes do GP da Bélgica, Elio de Angelis testava o Brabham BT55 no circuito de Castellet (França) quando sofre um acidente que o vitimaria. A sua morte ficou a dever-se aos deficientes dispositivos de resgate existentes nos circuitos durante os testes. Os seus ferimentos não foram fatais, De Angelis foi vítima da inalação de fumos do fogo que deflagrou no motor e à demora no seu resgate. Assim morria o “Príncipe Negro”, considerado por todos como um gentleman. O negro era a sua cor favorita e normalmente o seu fato de piloto era de cor preta, excepto nesse ano em que morreu. Era também um excelente pianista, a sua outra paixão para além da Formula 1.
Elio De Angelis nasceu em Roma a 20 de Março de 1958, filho de um industrial italiano multimilionário. Tinha 28 anos quando morreu, era solteiro mas vivia com a modelo alemã, Ute Kittelberger. Iniciou-se no kart e foi campeão de Itália em 1974. Ainda no kart, foi vice-campeão do Mundo em 1975. Sagrou-se campeão de Itália na Formula 3 em 1977. A sua estreia na Formula 1 acontece em 1979 no GP da Argentina num Shadow. Disputou 108 GP na Formula 1, em três equipas: Shadow (1979), Lotus (1980 a 1985) e Brabham (1986). Apenas venceu dois GP’s e obteve 3 pole-position. O seu melhor ano foi em 1984, tendo terminado o campeonato na terceira posição. A sua primeira vitória aconteceu no GP da Áustria de 1982 no qual bateu Keke Rosberg por escassos milésimos de segundo. Essa vitória fê-lo respirar de alívio e afirmou aos jornalistas “finalmente posso mostrar a todos que estou na Lotus pelo meu valor e não pelo meu dinheiro”. Foi também a última vitória que Colin Chapman assistiu. A sua saída da Lotus aconteceu em 1985 quando sentiu que estava a ser preterido dentro da equipa por Ayrton Senna. De Angelis afirmaria “dois dias antes do GP do Mónaco, fui convocado para uma sessão de testes privados em Paul Ricard. Aí Peter Warr criticou-me pela maneira como eu estava a guiar na Formula 1, demasiado prudente do seu ponto de vista. Respondi-lhe que isso talvez valesse estar no comando do Mundial, à frente de Alboreto e Prost. Fomos para os treinos e durante todo o dia, praticamente, só Ayrton guiou. A mim só me deixaram dar três voltas. Considerei o facto uma humilhação, sobretudo para um piloto que está à frente do Campeonato. Nessa mesma noite, tomei da decisão de abandonar a Lotus no final do ano.” In Revista Turbo nº 57.
O GP da Bélgica ficou quase decidido na primeira curva. Gerhard Berger (austríaco), num Benetton que começava a dar boas indicações, consegue um surpreendente segundo lugar na grelha de partida ao lado do pole-position Nelson Piquet (brasileiro). Mas uma má partida de Berger provoca alguma confusão na primeira curva e o austríaco dá um toque no McLaren de Alain Prost (francês), o resultado foi a ida dos dois às boxes. Piquet (Williams) aproveita para ganhar vantagem sobre os adversários e lidera até à 16ª volta, quando abandona com o motor partido. Mansell efectua um pião à 5ª volta e começa a recuperar o tempo perdido. Após o abandono de Piquet, foi Ayrton Senna (Lotus) que ficou no comando, que perderia para o sueco Stefan Johansson (Ferrari) quando Senna para nas boxes para mudar de pneus. O sueco também para nas boxes e Mansell (Williams) assume a liderança, que nunca mais perde até ao final. Senna ficou em segundo e Johansson em terceiro.
No GP do Canadá, Nigel Mansell (Williams) venceu novamente. O inglês da Williams apenas foi incomodado pelos dois pilotos da McLaren, Rosberg e Prost, mas a eficácia do seu carro foi mais forte do que o McLaren. Prost foi o segundo e Piquet e o terceiro. O britânico Derek Warwick passou a subsitituir Elio De Angelis na Brabham.
No GP de Detroit, assistiu-se a uma corrida bastante disputada e movimentada. Senna fez a pole-position e liderou a primeira volta. Mansell ultrapassou o brasileiro e foi o líder até à 7ª volta. Senna voltou recuperar a liderança ao passar Mansell mas à 13ª volta tem que ir às boxes devido a um furo. Nesta altura, os dois primeiros eram os pilotos franceses da Ligier, René Arnoux e Jacques Laffite. À 18ª volta, Laffite ultrapassa Arnoux e lidera até à 30ª volta. Piquet ultrapassa Laffite na 31ª volta e foi a vez do brasileiro da Williams liderar até à 38ª volta. Senna que vinha a recuperar depois da sua paragem nas boxes, passa Piquet na 39ª volta e segura a primeira posição até fim da prova. Entretanto Piquet abandona devido a um despite. A Ligier obtêm um excelente segundo lugar, depois de Laffite ultrapassar Prost. Arnoux falhou um possível pódio porque colidiu no carro de Piquet. Prost foi o terceiro.
No GP da França, Mansell obtêm a sua terceira vitória do ano. Vitória merecida mas difícil. Prost ainda liderou em duas ocasiões, aquando das trocas de pneus de Mansell. Prost ficou com a segunda posição e Piquet com a terceira.
O GP da Inglaterra ficou marcado por um grave acidente depois da largada. Desse acidente, que envolveu 9 carros, saiu gravemente ferido Jacques Laffite. O francês da Ligier partiu as duas pernas e a sua carreira na Formula 1 acabou. Laffite era o piloto mais velho do pelotão de 1986. Participou em 176 GP’s, venceu 6 vezes, conseguiu 7 pole-position e 6 melhores voltas. Foi três vezes quarto classificado nos mundiais de 1979 a 1981. Correu por várias equipas, mas a Ligier foi a sua equipa de sempre: Iso e Token (1974), Williams (1975, 1983 e 1984) e Ligier (1975 a 1982, 1985 e 1986).
Os pilotos da Williams dominam a corrida completamente. Piquet primeiro e depois Mansell. Assim a Williams consegue a sua primeira dobradinha do ano. Mansell vence à frente de Piquet. Prost foi o terceiro classificado.
À nona prova do ano, Mansell liderava o campeonato de pilotos com 47 pontos, seguido de Prost com 43 pontos, Senna com 36 e Piquet com 29. Nos construtores, a Williams era líder com 76 pontos e a McLaren estava em segundo lugar a 16 pontos de distância.
(continua)

Os pilotos do Brabham BT55 em 1986 foram: Elio De Angelis, Riccardo Patrese e Derek Warwick.
Vitórias: 0
Pole-position: 0
Melhor volta : 0

4 comentários:

Anónimo disse...

Eu tinha 12 anos na época este carro de BRabham "skate". DEpois da Saída de Nelson Piquet para Willians a equipe decaiu até a extinção.

Abraços do amigo

Fleetmaster

José António disse...

A Brabham e outras equipas com história fazem falta à F1.
É com pena que vejo equipas com mistica a desaparecerem...
Abraço

Anónimo disse...

Um curiosidade sobre o GP de Detroit: No dia anterior ao GP a FRança eliminou o Brasil na Copa do Mundo de Futebol no México e quando chegou no domingo para a corrida o carro do Senna estava coberto por uma bandeira da França. Provocação dos técnicos da Renault. A resposta veio no final da prova. Chegando a frente dos pilotos franceses e da equipe francesa, Senna parou seu carro e pegou de um torcedor a bandeira do BRASIL e terminou a volta a vitória com essa bandeira nas mãos. Foi a primeira vez que ele fez isto e isso tornou-se a marca registrada de suas vitórias.

José António disse...

Lembro-me bem dessa situação, Fleetmaster. Fez bem em comentar.
Abraço