05 setembro 2014

Lancia Delta S4 - F. Tabaton - L. Tedeschini (Rali de Sanremo de 1986)



 
Mais um ano passou neste humilde blog; eu sei que foram poucas as novidades mas o ritmo das minhas aquisições diminuiu, facto que aliado à falta de disponibilidade e de tempo livre levaram a que o tempo dedicado ao blog tenha diminuído e que por via disso algumas ideias para o blog estejam na “gaveta”. Por exemplo a ideia das minhas conversas com outros coleccionadores que aqui ia colocando encontra-se neste momento em stand by. Contudo o que interessa é que o 4Rodinhas comemora hoje 8 anos de existência e mesmo num momento de pouca dinamização do blog quero agradecer a todos os visitantes do 4Rodinhas. Um grande abraço a todos.

Esta miniatura pertence à colecção A Paixão pelo Rally.
A Lancia tinha apresentado no final do campeonato de 1985 a sua nova arma para o campeonato de ralis de 1986: o Lancia Delta S4. A estreia no mundial não podia ter sido a melhor, no RAC o Lancia Delta S4 de Henri Toivonen (finlandês) foi o primeiro seguido pelo seu colega de equipa Markku Alen (finlandês). Estavam criadas grandes expectativas para 1986.
A miniatura representa o Lancia Delta S4 de Frabrizio Tabaton (italiano) no Rali de Sanremo de 1986. Frabizion Tabaton não terminaria o Rali de Sanremo mas, como se iria ver mais para o fim do ano, seria o italiano a dar o único título ao Delta S4: o de Campeão da Europa.
O Lancia Delta S4 utilizava um motor de 1759 cm3 de 16 vávulas com turbocompressor e compressor volumétrico que debitava 450 cv às 8000 rpm. O motor estava colocado em posição central e longitudinal. O Delta S4 já dispunha de tracção intgral com uma caixa manual de 5 velocidades e diferencial viscoso com distribuição pré-fixada. A carroçaria era um coupé de 2 portas, de kevlar sobre chassis tubular de aço. A suspensão dianteira e traseira por paralelogramas deformáveis. Travões de disco ventilados nas 4 rodas. O peso era de 890 kg. Informações técnicas retiradas do fascículo que acompanha a miniatura.
O Campeonato de Ralis de 1986 tinha chegado ao Rali de Sanremo já com o título de marcas definido, a Peugeot tinha renovado o título anteriormente conquistado, mas o título de pilotos continuava ainda por definir, contudo era Juha Kankkunen (finlandês), piloto da Peugeot, que estava em vantagem mas Alen (Lancia) ainda sonhava com a conquista.
Contudo o desenrolar do campeonato até ao rali italiano tinha sido bastante dramático e havia já grandes alterações definidas para o futuro da modalidade. No Rali de Monte Carlo tinha vencido a Lancia e Toivonen, na Suécia a vitória foi para a Peugeot e Kankkunen. Em Portugal acontece o acidente que vitimaria 3 espectadores e é dado o alerta de que alguma coisa teria que ser feita pela segurança dos ralis. Os pilotos das equipas oficiais optaram por se retirar do rali e a vitória coube ao português Joaquim Moutinho num Renault 5 Turbo. Seguiu-se o Safari, mas aqui reinava a Toyota e Bjorn Waldegard (sueco).
Na Volta à Córsega acontece nova tragédia, Henri Toivonen morre num acidente e a Lancia retira os carros em sinal de respeito. Bruno Saby num Peugeot 205 T16 vence a prova. Na sequência deste acidente o futuro dos carros do Grupo B estava selado: no final do ano seriam proibidos. Na Acropole Juha Kankkunen vence o duro rali e repete a proeza no Rali da Nova Zelândia. A segunda vitória da Lancia, após Monte Carlo, aconteceu no Rali da Argentina por Miki Biasion (italiano). No Rali da Costa do Marfim a Toyota e Waldegard voltaram a vencer. O Rali da Finlândia foi o palco da consagração da Peugeot que com a vitória de Timo Salonen (finalndês) conquistaria o título de marcas. No Rali de Sanremo a luta pelo título de pilotos era entre Kankkunen (Peugeot) e Alen (Lancia) que tinha uma desvantagem de 22 pontos em relação ao primeiro. Os pilotos da Peugeot dominaram na primeira e segunda etapa. Alen ainda recuperou o atraso na
segunda etapa e aproximou-se de Kankkunen que era o líder. Na terceira etapa, os comissários técnicos desclassificaram os Peugeot devido a uns suportes que os carros tinham na parte inferior do chassis e que tinham servido para suportar um dispositivo de efeito solo. Esse dispositivo que tinha sido utilizado nas primeiras provas do campeonato foi proibido pela FIA. A Peugeot retirou o dispositivo mas não os seus suportes. Os Peugeot que correram e venceram os três ralis antes de San Remo tinham esses suportes e os comissários não os consideram ilegais. A polémica foi grande. A Peugeot apelou contra esta decisão e acusou de se estar a favorecer a Lancia. A FIA só depois de terminado o campeonato é que iria emitir uma decisão sobre o apelo da Peugeot. A vitória no Sanremo foi para Alen. Massimo Biasion (italiano), que ficou em terceiro, deixou os dois colegas de equipa, Alen vencer para ainda ter hipóteses de vencer o campeonato de pilotos e Dário Cerrato (italiano), que foi o segundo, para tentar vencer o campeonato italiano (que vira a não conseguir). E assim Alen reduziu para 2 pontos a diferença que tinha para Kankkunen. Após a polémica do Rali de Sanremo, os finlandeses Markku Alen (Lancia) e Juha Kankkunen (Peugeot) chegavam ao RAC separados
por apenas dois pontos na discussão do campeonato de pilotos quando faltavam apenas dois ralis.
A Lancia participava com Alen e Mikael Ericsson (sueco) e a Peugeot com Kankkunen e Timo Salonen (finlandês). A luta pela vitória foi intensa. Enquanto Ericsson abandonava, Alen ficava só a lutar contra os dois pilotos da Peugeot. A vitória foi para Timo Salonen, Markku Alén ficava em segundo lugar e ganhava vantagem no campeonato sobre Kankkunen, que foi o terceiro.
No último rali do campeonato, o Rali Olynmpus, nos EUA, a Peugeot e a Lancia apenas levaram Kankkunen e Alen para discutir o título de campeão de ralis de 1986. O rali iria
ser disputado ainda sob a incógnita da decisão que a FIA iria tomar sobre a polémica desclassificação da Peugeot no Rali de Sanremo. Markku Alen fez uma prova irrepreensível e venceu o rali americano tornando-se finalmente campeão do mundo de ralis... até à decisão da FIA. Em Dezembro a FIA decidiu-se pela anulação dos resultados do Rali de Sanremo e o título mudou de mãos. Juha Kankkunen sagrou-se campeão em 1986 com 118 pontos (3 vitórias) e Alen ficou em segundo lugar com 104 pontos (2 vitórias, uma delas no Sanremo). A Peugeot foi campeã com 137 pontos (6 vitórias) e a Lancia ficou na segunda posição com 122 pontos (2 vitórias, na realidade venceu quatro ralis: no Sanremo os resultados foram anulados e a vitória de Alen no Olympus não contava para o campeonato de marcas).
Assim terminava um ano negro no mundial de ralis. Foi o fim do Grupo B. No ano seguinte o campeonato mundial de ralis seria disputado com os carros do Grupo A.